Will Sideralman

DM – Quer pedir um café? Suco?
WS – Cerveja?, rerere…

DM – Simbora. Garçom! (ele se aproxima quase se arrastando) Manda duas Lagunas del Oro, por favor. Valeu! (ao Will) Que diabos aconteceu com você para fazer quadrinhos?
WS – Bom meus pais me compravam bastantes gibis quando eu era bem pequeno e mesmo antes de eu aprender a ler, minha mãe lia pra mim e, do jeito dela, ia me explicando o que significava tudo aquilo. Os balões, que eram as falas dos personagens, as onomatopéias, que eram os barulhos que tinham nas histórias, quando mudava de cena a passagem de tempo, se era outro dia outro local, etc… Então eu fui aprendendo os signos das HQs. Tive a sorte de ser “formado” nos quadrinhos de banca de jornal, era um mundão onde se achava de tudo, bem na esquina de casa. Também tive a felicidade de bem cedo ter acesso a materiais muito legais que eram publicados no GIBI da RGE (hoje Editora Globo). Em determinado momento eu comecei a desenhar e “descobri” que era aquilo que eu queria fazer para a vida toda. (a cerveja é servida)

DM – Amém! (brindamos e descemos um grande gole) Will, conte para a titia, o que mais te deixa excitado em uma narrativa gráfica? Física ou mentalmente, tanto faz. Fique à vontade.
WS – O imprevisível.

                 Em uma altura ensurdecedora, Percy Sledge canta When a Man Loves a Woman na rádio que acabou de ser ligada. A clientela toda chia por causa do volume alto. Abaixam.

DM – E o mais broxante?
WS – Perceber que o trampo foi feito às pressas, ou que o autor tinha uma pretensão maior da que ele podia realizar e ficou no meio do caminho. (bebendo)

DM – Ah, isso me mata também… E tem se tornado uma constante, não? Tenho visto várias hqs, várias que não são histórias curtas e sim um protótipo do que deveria ser a porra toda. Mas a preguiça ou desonestidade com o leitor vem e ferra tudo. (encho nossos copos novamente)

DM – Uma quadrinista foda e porquê?
WS – No Brasil, tem bastante agora, o que é muito bom.

DM – Sempre bom.
WS – Eu destacaria aqui a Germana Viana.

DM – My love…
WS – Curto o trampo dela, acho que o humor e a temática de Lizzie Bordelo e as Piratas do Espaço muito bem sacado. Como pessoa ela é fantástica. Encara tudo sempre com um sorrisão no rosto.

DM – Essa é a Germana que gosto.
WS – Se puder citar uma de fora, falaria da Jill Thompson. Não sou um leitor de mangá mas acho legal o que ela fez com a Morte e os meninos detetives do Neil Gaiman. (virando o copo)

DM – Hahaha, boa. Existe alguma cena nos quadrinhos que vale a pena comentar aqui? (“eu bebo sim, estou vivendo. Tem gente que não bebe e está”)
WS – Nossa, são tantas…, rererere… Em Sandman, quando Lúcifer entrega a chave do Inferno a Morpheus, na época eu achei…, imprevisível, rerere…

DM – Vou te fazer uma pergunta indecente, Will. Te preparara!! Se você fosse um personagem masculino ou feminino dos quadrinhos, quem seria?
WS – Corto Maltese.

DM – Daqui a pouco poderei montar uma frota de Corto Malteses. Pois muito bem, imagine que você está na pele do Corto e seu futuro, por algum motivo, parece desesperador. O que você gostaria de fazer exatamente agora?
WS – Bom, se eu fosse como o Corto creio que não me deseperaria tanto, pois sei que a vida é cheia de reviravoltas e eu sou o dono do meu destino. Vou onde me proponho a ir, é só ter a firmeza de propósito. (enchendo nossos copos dessa vez)

DM – Uhhhhh, bandido. (pego meu copo de volta) Última pergunta e prometo não te aporrinhar mais, amor. Ao menos, não por enquanto. (piscadinha) Mas gostaria que você fosse sincero. Como foi para você ser abduzido?
WS – Acredito que foi ter descoberto que era justamente isso que eu queria que acontecesse comigo.

DM – Síndrome de Estocolmo à vista? Obrigada pela entrevista, queridão. Aceita uma sobremesa?
WS – Eu que agradeço a oportunidade de conversar contigo. Sim, aceito, obrigado!

DM – Pode escolher então, coração. (empurro o cardápio. Meu telefone toca. É a Alana, the bitch) Só um minuto, Will.
WS – Tudo bem.will

 

 

 

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