Samanta Flôor

Astronauta de Pijamas (Marsupial Editora), Chance (Polvo Rosa Books)…

 

Quer pedir um café? Suco?

Café.

Moço, vê dois cafés pra gente. Vou te fazer algumas perguntas desnecessárias, Sá, tudo bem?

Vai fundo!

Olha que eu vou, hein? (sorrindo maliciosamente) Que diabos aconteceu com você para resolver fazer quadrinhos?

Boa pergunta. Não sei bem. Eu sempre gostei muito de ler HQs e de desenhar e contar histórias. Acho que foi a ordem natural das coisas, fazer o quê?

É, é algo inevitável para mim também. Mas sinto que isso não faz bem à saúde. O que te deixa excitada em uma narrativa gráfica. Física ou mentalmente, tanto faz. Fique à vontade.

Ideias boas e simples e personagens interessantes.

O que é mais broxante?

Uma arte hiperrealista cheia de firulas, muito texto pra pouco balão, diagramação feia, gibi de heróis (desculpem).

Ah, mas não peça desculpas,querida. Gibi de heróizinho meu ovário esquerdo! (risos) Não me desce também. (bebe de um longo gole de café) Sabe, uma vez o Rafa foi categórico, como ele sempre é, e disse que os quadrinhos NÃO são o primo pobre do cinema. Acredito que você compactue da mesma ideia. Mas diga aí um quadrinho que seria legal ver nas telonas. Vamos fazer nossos amiguinhos ganhar uma grana com a cessão de direitos autorias ou morrer tentando.

Primo pobre não sei, mas talvez aquele primo com menos glamour, né? Não costumo gostar de adaptações, única que eu realmente gostei foi Ghost World, então sei lá, acho que Guadalupe (da Angélica Freitas e Odyr) daria um filme legal.

Você acompanha aquelas pinturas do Odyr que ele solta às vezes, acho que nos dias ensolarados? Tão bonitas… Uma quadrinista foda e por quê?

Puxa, só uma?

Quantas você quiser.

Laura park. Porque sim.

Porque sim sempre! Não sei se você leu o quadrinho Gosto do Cloro do Bastien Vivès…. Um casal de personagens está nadando na piscina. Tem uma cena onde ela diz algo  debaixo d´água e ficamos sem saber o que ela disse. Aquilo me pegou de jeito. Existe alguma cena nos quadrinhos que vale a pena comentar aqui?

Não li, infelizmente. Curto muito cenas marcantes, mas tenho uma memória de peixe e não vou lembrar de nenhuma específica aqui, mas curto muito as cenas que mostram a passagem do tempo nos livros do Chris Ware (Jimmy Corrigan, especificamente).

Menina, tava falando ontem com o Ramon sobre isso! O tempo do Chris é algo absurdo mesmo. Só pra ficar no Jimmy, todas as cenas ali são dignas de nota. Vou até pedir mais um café. Quer? (chamando o garçom) Moço, repete a dose, por favor? (voltando-se à entrevistada) Agora é a hora da pergunta indecente. Posso? Não é algo que eu queira perguntar, mas preciso seguir um roteiro. Se você fosse uma personagem dos quadrinhos, quem seria? Desculpa.

Eu queria ser a Morte, mas acho que estou mais pra Delirium.

“O tempo que você não nota que está passando… é isso que faz o resto valer.” A Morte é linda! Imagine que você está na pele da Morte e seu futuro, por algum motivo, parece desesperador. O que você gostaria de fazer exatamente agora?

Comer minha comida preferida (feijão, farofa e batata frita).

A Morte comendo feijão e farofa… E batata frita! Essa é a Morte que eu quero pra mim!(risos) Última pergunta e prometo não te aporrinhar mais. Ao menos, não por enquanto. (piscadinha) Mas gostaria que você fosse sincera. Como foi para você ser abduzida? 

Foi bom, dormi a viagem inteira.

Que bom ouvir isso. Fico mais tranquila agora. Sá, obrigada pela entrevista. Aceita uma sobremesa?

Sempre.

Eles fazem um pudim de leite ótimo, aqui! Quase tão bom quanto o da minha mãe.

 

samanta

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